quarta-feira, dezembro 19, 2007

 

Vai um caramelo?

Como vem sendo hábito nos últimos oito anos, aos domingos, encontro com frequência surpresas que a minha mãe faz questão em esconder entre a caixa de plástico da sopa e de outra com lombo assado ou frango frito. Normalmente essas surpresas são iguarias que não duram muito mais de uma semana. Um bom queijo, um bom enchido, um pacote de chocolate preto ou então chocolate de culinária. Um bolo, uns bombons ou mesmo uns rebuçados. Os queijos e os enchidos não costumam durar muitos dias. Os bolos já duram um pouco mais, no entanto os rebuçados não fazem muito o meu género. É frequente ter alguns em casa que apenas servem para alguma visita mais faminta. Quando noutro dia, procurava dar ordem as prateleiras da despensa, encontrei um pacote enorme de rebuçados espanhóis. De caramelo. Não são nada maus, mas de facto os doces não são o meu forte. Os rebuçados eram saborosos, mas jamais iria ter prazer em comer aquela quantidade de caramelo. Mesmo com uma visita diária, iria demorar largos meses para acabar com eles. Ofereci os rebuçados aos meus colegas de trabalho. Chego de manhã por volta das nove horas e dirijo-me à copa. Aproximo-me do recipiente transparente onde normalmente se põe a fruta. Despejo completamente o conteúdo do saco com os rebuçados espanhóis de que falava. Passam quatro horas, quando volto a reparar na fruteira transparente, em mais uma ida à copa para encher a caneca da água ou como percurso para ir até à casa de banho, descubro que cerca de metade dos rebuçados tinham já sido comidos. Resolvo não me denunciar. Bolas ... logo no dia em que estão cá tantos espanhóis chegados de Madrid. A coisa morreu por aqui e muito pouca gente soube disso. No dia seguinte havia não mais de dez rebuçados no fundo da fruteira. Estou na copa, mais duas ou três pessoas, falta pouco para o meio dia. Entra um dos gulosos para se juntar na conversa. Pelo forma como respira deve ter comido uns vinte, não menos. Afirmo, fazendo com que todos os presentes ouçam: "já há poucos rebuçados de caramelo" O isco estava lançado. Prontamente, o membro acabado de entrar, responde olhando para mim: "são bons" Mordeu! Olhando em volta continua: "quem foi que os trouxe?" O gozo que isto me está dar, "fui eu! Ainda bem que gostas" A conversa acalmou. O mal estava feito agora só me restava desfrutar o momento de terror: "sabes, a embalagem marcava como data limite para consumo um mês algures em 2005" Confesso que não me lembro qual. Todos se riram, eu também me ri, estava a falar a verdade. O guloso olha-me directamente, os olhos parecem antenas a tentar captar todos os meus movimentos da face, ele quer perceber a todo o custo se falo a verdade. Completo a frase que fora interrompida pelas gargalhadas: "comi um, soube-me bem, então resolvi trazer" Não podia ser verdade, ele não queria acreditar. Na cara dele estava estampada indignação e a pergunta "como foste capaz de fazer uma coisa assim" Eu percebi a pergunta, apesar de ele não a ter pronunciado, respondi da melhor forma possível - sorrindo! Um rosto indignado dá lugar a um de repugnância, vira-me as costas, abre a porta e abandona a copa. Os outros continuavam a rir, parece que mais ninguém acreditou em mim.

sexta-feira, dezembro 14, 2007

 

Hoje fui o primeiro!

Hoje fui o primeiro! Cheguei ao trabalho, sentei-me à secretária e introduzi ************ no computador para iniciar a sessão por volta das 7h17. Este computador não é reiniciado vai para mais de duas semanas … é um mac! A senhora da limpeza pediu-me licença para limpar a mesa, não estava mais ninguém para falar com ela. Estranhou a companhia e tentou meter uma conversa. Com os phones nos ouvidos não percebi as primeiras palavras que me dirigiu depois de um “bom dia”. Tentando acordar da embriaguez matinal, o café estava a começar a entranhar-se, resolvo responder. Afinal não é todos os dias que encontra gente por aqui, a mim tanto me faz falar ou ficar calado. Queixou-se das alergias e dos espirros enquanto eu procurava o sol a nascer lá para os lados do Montijo. Lisboa estava a acordar. Amarrou o saco do lixo e colocou um novo, sorriu, virou-se e saiu para limpar o gabinete ao lado do meu. Eu, voltei a sentar-me. Agarro os phones enquanto procuro o documento que ontem deixei por acabar.