segunda-feira, julho 11, 2005

 
Não há dia que deixe de pensar o quanto mudei nos últimos meses. Não consigo descrever quanto ao certo, mas sei que não passou muito mais de um ano. Hoje tudo é tão diferente. Agora as coisas têm cores estranhas e novas. Não me reconheço em atitudes que tomei e já não percebo qual é o valor das conquistas que, em esforço, consegui obter.
Chegadas horas tardias, em que a janela aberta para a rua deserta é a única companhia que tenho nesta casa vazia. A dificuldade em me libertar do trabalho a que compulsivamente me dedico, é directamente proporcional à vontade que - depois de liberto - sinto em deitar tudo o que tenho, por esta janela fora.
Quando não há muita distracção que consiga distrair a mente que trabalha sem se questionar, o tempo passa depressa. E nem me apercebo do lento acalmar dos carros, e das pessoas, que todo o dia entram pela casa nesta mesma janela.
Durante a tarde, são as flores da varanda de cima que me visitam. Vindas do céu, flores de buganvília, caem como se eu as chamasse, captam a minha atenção e acabam comprimidas num livro.
Agora, durante a madrugada, sou eu quem visita a varanda, tentando procurar com os olhos sinais e luzes distantes. Companhia para este pedaço de solidão.
Sei estar sozinho, gosto sobretudo de ter saudades das coisas da minha vida. Só assim aprendo o seu valor. Só assim sei a falta que me fazem.

OST: "Humanos - Já não sou quem era"

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