segunda-feira, agosto 01, 2005

 
Nas poucas vezes que passei mais de uma hora bloqueado, em poucos metros de estrada, no meio do trânsito, estive sempre sozinho. Nunca me senti tão só, em transportes públicos ou até mesmo no instituto onde estudo, do que ao longo destas três meias de hora. Tantas coisas que tenho para falar! Isto de ser saloio - lá de trás das pedras - mas já com calos duros no corpo. Que são os meus troféus em seis anos a viver por Lisboa. Fazem-me tolerante ao desespero alheio, sem nunca perder o inconformismo próprio de quem será eternamente um deslocado. Nestas horas de arrancar e parar o carro fazendo poucos metros em muitos minutos. Não me preocupa chegar mais depressa, procurando qual das faixas de rodagem fluí melhor. Muito menos se o carro da frente permite que outros carros passem à sua frente. A música na radio ajuda o tempo a passar. Afinal de contas, num engarrafamento, importa mais o "ir andando, sem parar" do que o ir "mais depressa" ou "mais devagar". O que me incomoda nestas situações, é ver carros com duas ou mais pessoas, sem niguém a mexer os lábios. Eu ali tão perto com tanto para dizer e sem alguém que me ouça. Só mais tarde quando reparo numa rapariga a olhar, me apercebo que sem dar conta disso, venho a falar sozinho dentro do carro, há já um bom bocado! Com surpresa concluo no bem que me sabe, é quase como levar companhia para poder falar.
Dia 1 outra vez.

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