terça-feira, agosto 30, 2005

 
Dou por mim a viajar quando pensava não o fazer mais. No fim de uma época de exames em Julho, dou por mim a desejar que as sucessivas viagens Portalegre-Lisboa e Lisboa-Portalegre serão sempre a última viagem, num espaço de tempo alargado. Para já não dizer em alguns meses. Desta vez foi foi diferente, passou menos de um mês, já estava eu de volta no IP2, de partida para mais uma semana de estudo, trabalho ou lá como lhe posso chamar. 





























parte boa nestas viagens, passa por saber estar sozinho. Faço as viagens quase sempre sozinho. No início pensava que não sabia viajar sozinho, uma vez que, passados os kilometros, não restava nada para recordar nos dias em diante. Agora tenho a certeza que afinal não sei viajar acompanhado. Aprendi a ver, a ouvir e perceber os pequenos momentos da minha solidão. Agora já sei desvendar uma passagem, no meio das minhas emoções, para conseguir perceber coisas que não conhecia em mim.





























Gosto mais de viajar durante a tarde, quando o sol se apaga no horizonte. Divirto-me com aquela sensação de correr para oeste sem deixar que o sol se chegue a pôr. Só mais tarde percebo que ainda não existe um carro que me permita viver esta experiência.





























Passando pela localidade que nunca me disse nada até ao dia em que filhos da terra cruzaram o meu caminho antes de eu o fazer. Na companhia da minha solidão, vinha sintonizado 97,8 MHz. Ouvia pela primeira vez na minha vida uma banda que jamais ouvi em rádio algum. Entrei em transe, nunca imaginei que pudessem passar aquela música, naquela hora, numa rádio. Muito menos faixas seguidas umas atrás das outras. Não passaram as minhas favoritas. Aquelas que por algum motivo, mexeram-me com as entranhas, no dia que as ouvi. No entanto não deixava de ser surpresa ouvir determinadas melodias naquele preciso instante. Não sei descrever felicidade de maneiras muito diferentes daquela. Contudo, qual metáfora dos meus dias, a localidade festejava uma divindade. Diabo! A música que o baile tocava, em honra da santa, sobrepôs nas notas e ruídos vindos da telefonia, que grande surpresa me causaram, poucos minutos antes. As notas de melodias vulgares nas divindades, que se querem divinas. Para meu desespero, o arraial entrou pelo carro adentro durante fracções de tempo que custaram demasiado a passar. O habitual reboliço, próprio numas festas de terrinha, empastou-me na espera de poder atravessar as ruas. Demorei ainda para passar. Quando finalmente passei as roulotes de farturas, os vendedores de balões, os camiõns com carrinhos de choque. Ainda pude sentir as paisagens que aquela música depressiva me provoca, mesmo passados tantos anos sem a ouvir. Era a última faixa, em seguida transmitiam outros artistas. Artistas cuja música me ajudou a sair da depressão. Apesar disso, a paisagem ficou, trouxe-a até me sentar no sofá, esfumou-se quando me apaguei sentado a ver televisão.

segunda-feira, agosto 15, 2005

 
As duas mãos ... 






















domingo, agosto 14, 2005

 
O Pirata, pirateando a fotografia... 



quinta-feira, agosto 11, 2005

 
O sudoeste de 2005: Teresa Paula, Zina, Obsceno, Janicia, João e eu. 









segunda-feira, agosto 01, 2005

 
Nas poucas vezes que passei mais de uma hora bloqueado, em poucos metros de estrada, no meio do trânsito, estive sempre sozinho. Nunca me senti tão só, em transportes públicos ou até mesmo no instituto onde estudo, do que ao longo destas três meias de hora. Tantas coisas que tenho para falar! Isto de ser saloio - lá de trás das pedras - mas já com calos duros no corpo. Que são os meus troféus em seis anos a viver por Lisboa. Fazem-me tolerante ao desespero alheio, sem nunca perder o inconformismo próprio de quem será eternamente um deslocado. Nestas horas de arrancar e parar o carro fazendo poucos metros em muitos minutos. Não me preocupa chegar mais depressa, procurando qual das faixas de rodagem fluí melhor. Muito menos se o carro da frente permite que outros carros passem à sua frente. A música na radio ajuda o tempo a passar. Afinal de contas, num engarrafamento, importa mais o "ir andando, sem parar" do que o ir "mais depressa" ou "mais devagar". O que me incomoda nestas situações, é ver carros com duas ou mais pessoas, sem niguém a mexer os lábios. Eu ali tão perto com tanto para dizer e sem alguém que me ouça. Só mais tarde quando reparo numa rapariga a olhar, me apercebo que sem dar conta disso, venho a falar sozinho dentro do carro, há já um bom bocado! Com surpresa concluo no bem que me sabe, é quase como levar companhia para poder falar.
Dia 1 outra vez.